Javier Milei, presidente da Argentina, em imagem de 14 de maio de 2025 Tomas Cuesta/Reuters A inflação da Argentina ficou em 1,6% em junho, apontou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O resultado representa uma leve aceleração em relação aos 1,5% de maio — quando a inflação atingiu o menor nível mensal dos últimos cinco anos. Enquanto isso, o índice acumulado em 12 meses até junho foi de 39,4%, abaixo dos 43,5% registrados no período anterior. Os dados mostram que o índice oficial de preços do país apresentou progresso ao longo do primeiro ano de gestão do presidente ultraliberal Javier Milei. Em 2025, no entanto, a taxa mensal estagnou próxima de 2% e 3%. Já nas últimas divulgações, alcançou o patamar de 1%. O país encerrou o primeiro semestre de 2025 com uma inflação acumulada de 15,1%. A Argentina, que já vinha enfrentando uma forte recessão, passa por um grande ajuste econômico. Após tomar posse, em dezembro de 2023, Milei decidiu paralisar obras federais e interromper o repasse de dinheiro para os estados. Foram retirados subsídios às tarifas de água, gás, luz, transporte público e serviços essenciais. Com isso, houve um aumento expressivo nos preços ao consumidor. O país também observou uma intensificação da pobreza no primeiro semestre de 2024, com 52,9% da população nessa situação. No segundo semestre, o percentual caiu para 38,1% — um total de 11,3 milhões de pessoas. A insatisfação da população despertou protestos pelo país. Por outro lado, o presidente conseguiu uma sequência de superávits (arrecadação maior do que gastos) e retomada da confiança dos investidores. Acordo com o FMI Mudança cambial na Argentina completa uma semana; Em Ponto entrevista diretor-executivo do Brasil no FMI A melhora nos indicadores econômicos fez com que Milei alcançasse, em 11 abril, um acordo de US$ 20 bilhões em empréstimos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A primeira parcela, de US$ 12 bilhões, foi disponibilizada ao país poucos dias depois. O repasse dos recursos representa um voto de confiança do fundo internacional no programa econômico do presidente argentino. Os valores anunciados se somam a dívidas antigas do país junto ao FMI, que já superavam os US$ 40 bilhões. Nesse cenário, reduzir a inflação é fundamental para o governo do líder argentino, que deseja eliminar completamente os controles de capitais que prejudicam os negócios e os investimentos. Para isso, Milei quer que a inflação permaneça abaixo de 2% ao mês. Após o acordo com o FMI, o banco central da Argentina anunciou uma redução dos controles cambiais, o chamado “cepo”. A flexibilização determinou o fim da paridade fixa para o peso argentino e introduziu o "câmbio flutuante" — quando o valor da moeda é determinado pela oferta e demanda do mercado. Com isso, o governo de Javier Milei passou a ensaiar o fim do sistema de restrição cambial que estava em vigor desde 2019, limitando a compra de dólares e outras moedas estrangeiras pelos argentinos. Em suas ações mais recentes, o governo e o Banco Central da Argentina lançaram medidas de naturezas monetária, fiscal e cambial para injetar dólar no país, com o objetivo de fortalecer o cumprimento do acordo com o FMI para a recuperação econômica. Em 22 de maio, o governo anunciou sua decisão de permitir que os cidadãos utilizem dólares mantidos fora do sistema financeiro — ou seja, guardados "debaixo do colchão" — sem a obrigatoriedade de declarar a origem dos recursos. Em 10 de junho, lançou medidas como a flexibilização no uso de pesos e dólares no mercado de títulos públicos e um plano de captação de empréstimo de US$ 2 bilhões com emissões de títulos. Além disso, se comprometeu a reduzir a emissão de moeda pelo BC. O objetivo do governo é estabilizar a inflação, reforçar as reservas comerciais do país, melhorar o câmbio e atrair investimentos, enquanto busca avançar no forte ajuste econômico promovido por Milei.
A escolha do governo de entregar ao vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) a coordenação da resposta ao tarifaço de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, foi técnica, mas também faz parte de uma estratégia política de entregar a negociação a um ex-governador de São Paulo. A coordenação do vice também é uma forma de aproximar o governo ao empresariado de São Paulo, muito afetado pela decisão de Donald Trump. Governador paulsita por quatro vezes, Alckmin é também um contraponto a Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo que ficou marcado pelo apoio a Trump logo após a eleição do republicano à presidência dos EUA. Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, transita bem entre os setores da economia brasileira que serão mais afetados, uma negociação que vai envolver empresários da indústria e do agronegócio. 'Antes era atentado contra democracia, agora é economia', diz Alckmin de Bolsonaro e Trump De acordo com ministros que participaram da reunião com Lula no Palácio da Alvorada na noite de domingo (13), o governo federal vai debater como reagir às tarifas dos EUA às exportações brasileiras em duas reuniões programadas para esta terça-feira (15), uma com os empresários da indústria e outro encontro com os representantes do agro. O Planalto também quer reuniões com setores que importam produtos dos Estados Unidos, já prevendo consequências da utilização da Lei da Reciprocidade Econômica, que deve ter sua regulamentação publicada também nesta terça-feira. Alckmin já vem tocando as negociações sobre tarifas dos EUA e se reúne com empresários afetados desde o início do ano. Nos círculos que já discutem as costuras para reeleição de Lula, o nome de Alckmin é sempre citado como um trunfo eleitoral para as eleições de 2025 em São Paulo, seja em uma possível disputa ao governo do estado ou a uma das duas vagas do Senado Federal, mesmo sabendo que o vice preferiria seguir na chapa presidencial.
Copyright © DJG Consultoria em T.I.
Design This email address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it.