Brasil e EUA confirmam encontro entre Lula e Trump para este domingo Os governos de Brasil e Estados Unidos confirmaram, neste domingo (26), a previsão de encontro entre os presidentes Lula (PT) e Donald Trump. O encontro deve acontecer às 4h30 no horário de Brasília, segundo o governo brasileiro. Pouco antes do encontro, Lula falou durante a Cúpula Empresarial da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), e voltou a criticar o protecionismo comercial, sem citar Trump. "Nós não podemos aceitar a ideia do protecionismo. Quanto mais liberdade para fazer negócio e quanto mais multilateralismo, mais a gente vai ter, enquanto países, chances de crescer", declarou. Esse será o primeiro encontro oficial entre Lula e Trump desde o início da crise provocada pelo tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. E também desde que Trump assumiu a presidência do país norte-americano. O que esperar do encontro Neste sábado (25) , o presidente brasileiro disse estar confiante de que a conversa pode levar a uma solução para as divergências entre os dois países. “Eu trabalho com otimismo que a gente possa encontrar uma solução”, afirmou. “Não tem exigência dele e não tem exigência minha ainda. Vamos colocar na mesa os problemas e tentar encontrar uma solução. Então pode ficar certo que vai ter uma solução”. O líder dos Estados Unidos também sinalizou que pode rever o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros, “sob as circunstâncias certas”. Durante o embarque para a Ásia, um repórter perguntou se ele reduziria as tarifas sobre o Brasil. “Sob as circunstâncias certas”, respondeu o presidente americano. 👉🏽Há expectativa de que o encontro sirva para reorganizar a relação bilateral, abalada desde o anúncio do tarifaço americano sobre produtos brasileiros. Os dois líderes vêm se aproximando desde setembro. Durante a Assembleia das Nações Unidas, Lula e Trump se cruzaram e afirmaram ter tido uma “boa química”. Além disso, no início deste mês os dois conversaram por cerca de 30 minutos em uma ligação intermediada pelas diplomacias dos dois países. Durante essa conversa, Lula solicitou a Trump a revogação das sanções contra autoridades brasileiras e pediu a retirada de uma sobretaxa de 40% para entrada de produtos brasileiros nos EUA, em vigor desde agosto. A expectativa é que os dois assuntos sejam abordados por Lula no encontro deste domingo. Auxiliares de Lula não descartam que o presidente brasileiro aproveite a ocasião para falar também sobre as investidas de Trump contra Venezuela e Colômbia. O presidente brasileiro já deixou claro que é contra qualquer tipo de tentativa de intervenção em países da América do Sul e pretende abordar ações recentes dos EUA na Venezuela, incluindo ataques a barcos na costa venezuelana e operações secretas da CIA, justificadas pelo governo norte-americano como combate ao narcotráfico. Lula alerta que tais medidas podem agravar a instabilidade regional e enfraquecer a soberania dos países, defendendo que o diálogo diplomático prevaleça sobre intervenções militares. Lula diz esperar encontro com Trump e acredita em solução Tarifaço Um dos temas que deve ser abordado na reunião é o tarifaço anunciado pelo presidente Donald Trump a produtos brasileiros — culminando em uma sobretaxa de 50%. Ao justificar as taxas, o mandatário norte-americano chegou a citar questões econômicas, como um suposto déficit com o Brasil – inexistente de acordo com números oficiais. Mas também apontou questões políticas relacionadas com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e "direitos de liberdade de expressão de cidadãos americanos", entre outros. Lula diz que vai conversar com Trump sobre tarifas e sanções a ministros: 'Quero provar que houve equívoco' Sanções a ministros Além das tarifas, os Estados Unidos também sancionaram ministros da Suprema Corte brasileira. Em julho, o secretário de Estado do governo Trump, Marco Rubio, informou que foram revogados os vistos americanos do ministro do STF Alexandre de Moraes e de outros sete ministros. Além disso, sancionou o ministro Moraes com a lei Magnitsky, utilizada para punir estrangeiros. A Lei Magnitsky permite que os Estados Unidos imponham sanções a cidadãos estrangeiros. O objetivo é punir pessoas acusadas de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mencionou diretamente uma suposta "caça às bruxas" tendo o ex-presidente Jair Bolsonaro como alvo por parte do ministro. Tensão na Venezuela A escalada militar americana na Venezuela também deve ser um dos assuntos abordados no encontro. A presença de navios de guerra, aviões de combate, soldados e do porta-aviões USS Gerald R. Ford no Caribe, em operações justificadas pelos EUA como combate ao narcotráfico, tem gerado forte tensão na região. Desde 2 de setembro, ao menos dez lanchas supostamente usadas para tráfico foram bombardeadas, resultando em pelo menos 43 mortes. O governo de Nicolás Maduro acusa Washington de “inventar uma guerra” para tentar derrubá-lo, enquanto autoridades venezuelanas alertam para o risco de uma ameaça militar mais ampla à América Latina. O presidente brasileiro já deixou claro que é contra qualquer tipo de intervenção em países da região, defendendo que essas ações podem agravar a instabilidade e violar a soberania. Lula pretende discutir a situação diretamente com Trump, reforçando que diálogo e cooperação devem prevalecer sobre intervenções unilaterais, mantendo a América do Sul e o Caribe como zonas de paz. Recentemente, ao ser questionado sobre declarações de Trump — de que não seria necessária uma declaração de guerra para matar traficantes de drogas —, Lula criticou inicialmente a postura do presidente americano, mas depois se retratou, esclarecendo que suas palavras haviam sido mal colocadas. Além disso, nesta semana, Trump admitiu ter autorizado operações secretas da CIA na Venezuela, aprofundando o risco de escalada. Apesar das justificativas americanas, dados da ONU mostram que a droga que mais causa overdoses nos EUA, o fentanil, vem majoritariamente do México, levantando dúvidas sobre os reais objetivos das ações militares no Caribe. Relação delicada A avaliação no Palácio do Planalto é que um encontro presencial entre os dois líderes, neste momento, leva as discussões para "um outro patamar" e é um passo importante para "reorganizar a relação entre Trump e Lula e a pauta entre os dois países", após meses de tensão. O Planalto entende que a relação está destravada, principalmente após a reunião "muito positiva" entre o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, e o chanceler brasileiro, Mauro Vieira. Lula e Trump nunca tiveram uma relação próxima. Durante as eleições presidenciais americanas de 2024, Lula afirmou que uma vitória da então candidata Kamala Harris representava um caminho mais "seguro para fortalecer a democracia". "Com Kamala Harris é muito mais seguro para a gente fortalecer a democracia. Nós vimos o que foi o presidente Trump [...], aquele ataque ao Capitólio. Uma coisa que era impensável acontecer nos EUA, porque se apresentavam ao mundo como modelo de democracia. E esse modelo ruiu", disse na época. Após Trump tomar posse, o presidente brasileiro chegou a afirmar que no momento não tinha interesse em falar com o presidente americano. A relação entre os dois esfriou mais ainda quando Trump anunciou tarifas de 10% em produtos de uma lista de países, incluindo o Brasil, em abril deste ano. Na ocasião, Lula disse que o Brasil não abriria mão de sua soberania. Lula dá entrevista a jornalistas durante viagem à Indonésia Ricardo Stuckert / PR
Eleições legislativas na Argentina serão neste domingo (26) As eleições legislativas na Argentina, marcadas para este domingo (26), são decisivas para os rumos da economia do país. Em meio à desvalorização do peso e à escassez de reservas em dólares, o governo busca ampliar sua base no Congresso, enquanto aguarda a execução de um pacote bilionário de ajuda financeira dos Estados Unidos — apoio que foi condicionado ao sucesso eleitoral do partido de Javier Milei. 📱Baixe o app do g1 para ver notícias em tempo real e de graça Na semana passada, após anunciar uma linha de swap cambial de US$ 20 bilhões à Argentina, o presidente dos EUA, Donald Trump, recebeu Milei na Casa Branca e afirmou que o apoio financeiro de Washington está condicionado ao desempenho do partido do presidente argentino neste domingo. “Se ele perder, não seremos generosos com a Argentina. Nossos acordos estão sujeitos a quem vencer a eleição”, declarou Trump. 🔎 O swap cambial é uma troca temporária de moedas entre países, usada para reforçar as reservas internacionais e proporcionar maior estabilidade à economia local. É uma forma de obter liquidez em moeda estrangeira sem recorrer a empréstimos tradicionais. Após um prazo determinado, cada país devolve a moeda recebida, com ajustes de juros ou câmbio. Na prática, a medida ajuda a Argentina, que enfrenta escassez de reservas em dólar. Apesar das declarações de Trump, o tom da política americana em relação à Argentina foi suavizado dias depois. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou uma intervenção nos mercados para comprar pesos, como parte das medidas de apoio financeiro a Buenos Aires. Em entrevista a jornalistas, Bessent declarou que os EUA continuarão apoiando financeiramente a Argentina enquanto o governo de Javier Milei mantiver "boas políticas”, independentemente do resultado das eleições parlamentares. Ele ainda afirmou que o governo Trump está trabalhando com bancos e fundos de investimento para criar uma linha de crédito de US$ 20 bilhões destinada a investir na dívida soberana da Argentina. "O Tesouro comprou pesos no 'swap de blue chips' e no mercado à vista", anunciou Bessent no X. Segundo ele, a linha funcionará paralelamente ao swap cambial de US$ 20 bilhões. Com isso, a ajuda total dos EUA à Argentina deve chegar a US$ 40 bilhões (cerca de R$ 217 bilhões). Na segunda-feira (20), o Banco Central da Argentina confirmou o socorro inicial de US$ 20 bilhões, mas não detalhou quando a operação será efetivamente realizada. Trump recebe Milei pela primeira vez na Casa Branca Jonathan Ernst/Reuters Crise política e impacto nos mercados No último mês, Milei tem enfrentado uma forte crise política após um suposto escândalo de corrupção envolvendo Karina Milei, secretária-geral da Presidência e irmã do presidente. Um áudio gravado por um ex-aliado de Javier Milei, no qual Karina é acusada de corrupção, vazou para a imprensa e está sendo investigado pela Justiça. Segundo denúncia de Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Discapacidade (Andis), Karina Milei e o subsecretário de Gestão Institucional, Eduardo “Lule” Menem, cobrariam propinas de indústrias farmacêuticas para a compra de medicamentos da rede pública. "Estão roubando. Você pode fingir que não sabe, mas não joguem esse problema para mim, tenho todos os 'WhatsApp' de Karina", diz Spagnuolo na mensagem. Leia mais aqui. Em meio à crise, Javier Milei sofreu uma dura derrota, em setembro, nas eleições da província de Buenos Aires — a mais importante da Argentina, que concentra quase 40% do eleitorado nacional. Os reflexos foram sentidos nos mercados: os títulos públicos, as ações das empresas e o peso argentino despencaram um dia após o pleito, em um cenário desfavorável também para a inflação do país — o que afeta a imagem do governo argentino. Por trás do pessimismo está a preocupação dos investidores de que, sem força política, a gestão de Javier Milei não consiga avançar em sua agenda de cortes de gastos e reestruturação das contas públicas na Argentina. Agora, a expectativa é pela reação do mercado após o pleito deste domingo. Na sexta-feira (24), às vésperas da eleição, o peso fechou a 1.492,45 por dólar — a pior cotação desde o início da gestão Milei. O presidente da Argentina, Javier Milei, faz um discurso especial durante a 55ª reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça, em 23 de janeiro de 2025. Reuters O que está em jogo no Congresso? Metade da Câmara dos Deputados da Argentina (127 cadeiras) e um terço do Senado (24 cadeiras) estão em disputa neste domingo. O movimento peronista detém atualmente a principal força de oposição em ambas as casas, e tem cerca de metade de seus assentos na Câmara em busca da reeleição. O partido relativamente novo de Milei, La Libertad Avanza, conta com apenas 37 deputados e seis senadores. As disputas mais importantes ocorrerão na província de Buenos Aires, onde estará em jogo um grande número de cadeiras. Especialistas ouvidos pela agência Reuters disseram que, se o partido de Milei conquistar mais de 35% dos votos, isso será visto como um sinal positivo de crescimento do apoio, tendo como referência os 30% obtidos por Milei no primeiro turno da eleição presidencial de 2023. Se ele se aproximar de 40%, será considerado “uma eleição muito boa”, afirmou Marcelo Garcia, diretor para as Américas da consultoria de risco Horizon Engage. “Se 2025 indicar que Milei é uma figura em declínio, os investidores começarão a se preparar para uma opção mais de centro ou centro-esquerda em 2027”, disse García. Na prática, o partido de Milei precisará de cerca de um terço dos votos na Câmara e no Senado para impedir futuras tentativas de derrubar seus vetos e projetos. Para garantir isso, provavelmente precisará formar alianças. O partido do presidente argentino tem se aproximado, por exemplo, do PRO, uma sigla de centro liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri. * Com informações da agência de notícias Reuters.
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