Trump em 16 de julho de 2025 Nathan Howard/Reuters O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a ameaçar os países do Brics nesta sexta-feira (18). 🔎 O Brics é um grupo de países emergentes que inclui Brasil, Rússia, China, Índia, África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Egito, Arábia Saudita, Etiópia, Indonésia e Irã. Durante um evento sobre criptomoedas nesta sexta, o republicano voltou a dizer que o bloco está tentando tirar a liderança do dólar no mundo, reiterando que o grupo acabaria "muito rapidamente se eles realmente se formarem de forma significativa" — ou seja, se seguirem adiante com a criação de uma moeda própria de negociação. "Quando ouvi falar desse grupo dos Brics, basicamente seis países, fiquei muito, muito chateado. E se eles realmente se formarem de forma significativa, isso acabará muito rápido", afirmou Trump, destacando que estava comprometido em preservar a liderança global do dólar. As ameaças do republicano se referem à indicação de que os países do Brics podem buscar um sistema de pagamento em moedas locais, ou seja, uma alternativa ao dólar nas transações comerciais do grupo. A medida é uma das prioridades do Brasil dentro do grupo. Essa também não foi a primeira vez que o presidente norte-americano ameaçou o grupo de países emergentes. No início deste mês, Trump afirmou que o Brics seriam submetidos a uma tarifa de 10% "muito em breve", em retaliação à tentativa do bloco de enfraquecer os EUA e substituir o dólar como moeda padrão global. “Se eles quiserem jogar esse jogo, tudo bem. Mas eu também sei jogar”, afirmou Trump na época. “Qualquer país que fizer parte do Brics receberá uma tarifa de 10%, apenas por esse motivo”, disse, acrescentando que a medida deve ser implementada “muito em breve”. O presidente Lula defende a adoção de uma moeda diferente do dólar para comércio entre países do grupo há anos. À época, após a ameaça de Trump sobre impor uma tarifa sobre o bloco, Lula afirmou “não achar uma coisa muito responsável e séria” que um presidente da República de um país do tamanho dos EUA ficasse “ameaçando o mundo através da internet”. Trump ameaça BRICS com tarifa de 10%
Comerciantes da 25 de Março se manifestam contra Trump. Comerciantes da Rua 25 de Março, no Centro de São Paulo, protestaram nesta sexta-feira (18) contra a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de investigar a venda de produtos falsificados na região. De acordo com a Polícia Militar, cerca de 120 pessoas ocuparam uma faixa da Rua Carlos de Sousa Nazaré. Algumas usavam máscaras de Trump. O presidente dos Estados Unidos diz que a região da 25 de Março, maior centro de comércio popular do Brasil e da América Latina, é um ponto de venda de produtos falsificados e apresenta falhas na proteção dos direitos de propriedade intelectual. Na terça-feira (15), o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) anunciou a abertura de uma investigação comercial contra o Brasil por ordem do republicano. Manifestantes usaram máscaras de Donald Trump. Reprodução/TV Globo Mas o que pensam os comerciantes e os clientes da principal rua de comércio do Brasil sobre a investigação? "Ele não tem nem por que palpitar, né? Muitas coisas daqui vão para lá", diz Cidélia, técnica em enfermagem. "Ele tá comparando um negócio do Brasil com Estados Unidos, lá do outro lado onde ele tá, então, tipo, não tem lógica", diz Kethelen Souza, vendedora. "Ele não representa o Brasil. Não tem direito a isso. Quem tem direito é o governo brasileiro, de fazer qualquer coisa na 25", diz Fernando, vendedor. Kethelen Souza, vendedora Reprodução/ GloboNews "Eu acho que cada país tem o seu governo. Entendeu? Tem leis lá que precisam ser seguidas, assim como tem no país", diz Josiel, eletricista. "Bem, normalmente a qualidade do produto varia. Tudo bem, tem falso, mas 100% não. Talvez 20%, uma coisa assim. Tem mais original", diz Fernando, vendedor. "Ele pode abrir uma investigação que ele não vai encontrar. Todos os produtos não têm falsificação. Acredito que existe, sim, uma região da 25 que venda paralelos. Agora os nossos produtos são fabricados na China, sim, mas todos da nossa marca mesmo", diz Vitória, empresária. Vitória, empresária. Reprodução/ GloboNews "Acho que o maior problema americano é a evolução da China, principalmente porque a China é o maior parceiro comercial brasileiro Brasil tem muita ligação com a China, então isso é realmente assustador pro governo americano", diz Sérgio Luís Daril, vendedor. Sergio Luis Darill, vendedor. Reprodução/Globonews "Eu vejo o Trump como uma pessoa que tem uma arma. A arma dele é taxa. O país que ele não é favorável, ele põe tarja. Acho super errado isso", diz Josiel Vieira, eletricista. Consumidores na Rua 25 de Março, Centro de SP, em imagem em dezembro de 2023 Renato S. Cerqueira/Futura Press/Estadão Conteúdo Como é a investigação? Trump já havia sinalizado o início da investigação na mesma carta em que anunciou a tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado. No documento, divulgado pelo governo americano, a região da Rua 25 de Março é apontada como um dos maiores mercados de produtos falsificados do mundo, permanecendo assim há décadas, apesar de sucessivas operações policiais. "O Brasil adota uma série de atos, políticas e práticas que aparentemente negam proteção e aplicação adequadas e eficazes aos direitos de propriedade intelectual. Por exemplo, o país não conseguiu combater de forma eficaz a importação, distribuição, venda e uso generalizado de produtos falsificados, consoles de videogame modificados, dispositivos de streaming ilícitos e outros dispositivos de violação", afirma o documento. Na avaliação do USTR, a falsificação persiste especialmente na 25 de Março devido à ausência de sanções, penalidades e medidas que desestimulem essa prática ilegal a longo prazo. Não é a primeira vez que o maior polo de comércio popular da América Latina é alvo de críticas pelos EUA. Em janeiro, um relatório do USTR já apontava como pontos de pirataria em São Paulo: o Centro Histórico e os bairros de Santa Ifigênia e Brás, incluindo o Shopping 25 de Março, Galeria Page Centro, Galeria Santa Ifigênia, Shopping Tupan, Shopping Korai, Feira da Madrugada e Nova Feira da Madrugada. Segundo o relatório, as marcas originais veem a região como um "dos maiores mercados de atacado e varejo de produtos falsificados no Brasil e na América Latina, com mais de mil lojas vendendo produtos falsificados de todos os tipos". As empresas donas dos direitos sobre os produtos, alvo de falsificação, também afirmam que os mercados da Rua 25 de Março atuam também na distribuição de itens falsificados e pirateados para outras partes do Brasil. Procurada, a Associação Representativa do Comércio da Região da 25 de Março (Univinco25) afirmou que reúne mais de 3 mil estabelecimentos formais, cujos produtos comercializados são importados da China, principalmente, e não têm relação com os Estados Unidos. "É importante destacar que, embora existam pontos isolados onde há comércio irregular, como pirataria, em algumas galerias específicas, essas práticas são continuamente fiscalizadas e combatidas pelos órgãos públicos competentes. Esses casos não representam a imensa maioria dos lojistas da região, que atuam de forma legal e transparente", informou em nota. Trump: 'Taxei o Brasil porque eu posso' O que será investigado Além da proteção da propriedade intelectual, o documento do USTR apresenta outros aspectos do comércio brasileiro que serão alvo da investigação e faz afirmações, sem apresentar provas, sobre supostas práticas comerciais do país. São eles: Comércio digital e serviços de pagamento eletrônico Segundo o documento, o Brasil pode estar prejudicando a competitividade de empresas americanas nesses setores, ao adotar medidas de retaliação contra companhias que se recusam a censurar discursos políticos ou ao impor restrições à sua atuação no mercado nacional. Tarifas injustas e preferenciais O documento afirma que o Brasil concede tarifas reduzidas e vantajosas a determinados parceiros comerciais estratégicos, o que colocaria as exportações dos EUA em desvantagem competitiva. Aplicação de medidas anticorrupção “A falha do Brasil em aplicar medidas de combate à corrupção e de transparência levanta preocupações em relação às normas internacionais contra suborno e corrupção”, afirma o texto. Proteção da propriedade intelectual Segundo o documento, o Brasil aparenta falhar na garantia de proteção eficaz e fiscalização rigorosa dos direitos de propriedade intelectual, o que impacta negativamente os trabalhadores americanos que atuam em setores baseados em inovação e criatividade. Etanol “O Brasil recuou de seu compromisso de oferecer tratamento praticamente livre de tarifas ao etanol dos EUA e agora impõe tarifas substancialmente mais altas às exportações americanas”, afirma o texto. Desmatamento ilegal De acordo com o texto, “o Brasil aparentemente não está fazendo cumprir de maneira eficaz as leis e regulamentações destinadas a combater o desmatamento ilegal, o que compromete a competitividade dos produtores americanos de madeira e produtos agrícolas”. O presidente Donald Trump Jonathan Ernst/Reuters
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